quinta-feira, 12 de abril de 2012

PORCELANA

Na verdade não há mesmo meninas
de porcelana
nem há no mundo o que possa ser
irreparável.
Na verdade são símbolos teu rosto
e teu corpo
teus olhos ainda cheios de brilho
e teus pés diminutos.
Não há no mundo os anjos celestes
nem promessas.
Não há no mundo, nem poderia,
um azul sem mancha alguma
de alguma dor.
Não há nem mesmo no mundo todo
uma hora calma
um instante sem medo, sem culpa,
sem dúvida que agite o peito.
Contudo, em meio a tudo,
na instituição do dia e seu comércio
na monotonia das horas e no falarem
e falarem os homens,
há um sinal preciso, urgente e definitivo,
um sinal inequívoco de que é possível
o bem, o amor, a claridade, a vida.


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