terça-feira, 10 de abril de 2012

OCIDENTE

Nessas horas absolutamente 
abandonadas, 
céu abandonado, 
espaços de abandono, 
a cor de ouro em paredes 
e vidraças, 
Deus é mudo, 
e o universo 
sua voz. 

Penso que é tarde, 
posso pensar, 
porque o meu corpo participa 
do abandonado, 
e é como um cansaço, 
não do esforço, do dia, 
das horas. 
E, talvez, nem cansaço, 
uma parcela de morte, 
uma melodia da lira de Orfeu. 
Antibes, View of the Cap, Mistral Wind, 1888 - Paul Signac


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