sexta-feira, 20 de julho de 2012

SONETO DAS BALEIAS


As baleias brincam e soltam borrifos 
azuis na água azul, com perícia e arte 
maior que a maior arte de todos os grifos, 
e são elas brancas, orcas, jubartes. 

As baleias não são peixes, são antes e 
antes de serem bois disfarçados e gigantes, 
estrelas de constelações distantes, 
que as não percebe a mente nem olho as vê. 

Senhoras desse mar do nosso encanto 
que cantam e fazem ecoar o pranto 
mesmo do universo e o seu segredo, 

as baleias cruzam o mar do nosso medo, 
fazendo-nos ainda que nunca o queremos 
homens pequenos dos mundos que não temos. 
imagem colhida no google

quarta-feira, 18 de julho de 2012

A SEPARAÇÃO

Lugar nenhum 
é esse em que nos encontramos
agora
e não diga nada 
porque palavra nenhuma
razão para dizer
nem por isso, meu amor, 
estamos silentes
e nem por isso
perdidos.

Sobre a matéria das coisas
sobre o brilho
das coisas
sobre as sombras de toda vida
cantamos - 
com nossa voz menos dura
um salmo:
perdão.

Estamos de mãos dadas e partimos
para não querer nada
para não perder nada
não porque estamos absolutos
mas porque não nos distinguimos
de nada.
Eugene Manet on the isle of wight

domingo, 1 de julho de 2012

NA

Nenhuma com ligeiros passos, com seus laços 
gracios- 
os braços entr'as dançarinas roda, gira 
estira 
o tempo, seu passar, faz jazidos dias  
revindos. 

Nenhuma entr'as canto entr'as pastoras 
caminha semblando o sol semblado 
semeando vinhas de ver- 
des uvas 

Nenhuma entr'as mulheres em suas casas 
de asas 
revoa a noa noa, vento perdoa 
esse desatento 
a desatar os perjazidos dias meus feridos. 

Nenhuma com calmas mãos perdoara. 
Theodore Hassam (American Impressionist painter 1859-1935) Improvisation 1899