quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

A MULHER ADÚLTERA

- para Maedir Coimbra-
 
Suspender a lei em favor do acusado,
eis o que, com a cabeça baixa, talvez,
estivesse a escrever na areia o mestre.
Ora, a pedra, onde se gravou a mesma lei,
é o instrumento pelo qual se lha cumpre.
De toda sorte, 
aquilo que na areia se inscreve,
leva o vento, leva o mar, 
a palavra fugidia,
a poesia de José de Anchieta.

Entretanto, não é mais que pó
o mesmo homem, a mesma pedra, e, 
menos que pó, portanto, esse desejo,
essa falta.

Atire a pedra, o imaculado homem,
em toda imaculada mulher. 
1741 Sebastiano Conca, Cristo e a mulher adúltera, CP Washington