terça-feira, 12 de abril de 2022

PARA ELA

Elegante e bela e jovem.

Há um tempo, apoiada a cabeça nos braços, 

adormeceu.

É certo que está cansada.

Bem assim eu próprio, 

a caminho do subúrbio 

nessa composição de trem.

É muito provável que nunca mais a veja,

e é certo que a nunca vi antes,

nem neste nem em outro caminho;

neste ou nenhum outro tempo.

Dela nada quero, nada pretendo.

Já me foi dado tudo.

Esse instante de encantamento.

A juventude que passou por mim,

relâmpago,

faróis do trem no sentido contrário,

e essa despedida.


Claude Monet - La gare Saint-Lazare- - 1877