segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

ELIAS ARREBATADO

Que todos os homens são mortais
é uma verdade que não se pode contestar,
exceto por esse acontecimento
às margens do Jordão:
Enquanto lhe caía o manto púrpura
Elias não deixou a vida
senão que, num redemoinho,
rasgou o céu num carro flamejante
puxado por cavalos de fogo.
As agruras de uma velhice na solidão,
as mazelas das doenças 
e das longas esperas;
os venenos acumulados no decurso dos anos,
o processo de morrer, não.
Nem a súbita descida a um reino escuro
para, depois, ascender ao sempre.
Ainda atônitos, os companheiros procuram 
por um homem no mundo dos homens
e já não encontram.
Procuram por um deus no mundo 
dos deuses
e Elias nunca foi deus,
pois os deuses são eternos,
de verdadeira imortalidade,
conquanto essa condição
não privou
da dor e do extremo sofrimento,
da infâmia de morrer
da morte mais infame
nem mesmo aquele que Elias vaticinou
que viria para derrotar e suplantar a morte,
por fim e 
eternamente.



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