sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A FRAGILIDADE DE TODAS AS COISAS

Freqüentemente penso na fragilidade
de todas as coisas,
as que existem em toda parte,
porque não são estatutos do eterno,
nem mesmo compõem o duradouro.

O tempo trabalha silenciosamente
e até a grande cidade, de onde a vejo,
está para não ser mais.
as casas, os edifícios,
a fuligem,
os grandes espaços entre uma parede
e outra,
entre uma altura e outra,
a tristeza desses vazios,
os habitantes que habitam seus lugares,
os habitantes que fazem coisas,
que agem sobre as coisas diariamente
seja um prato,
a roupa lavada,
seja o amor,
as grandes saudades mudas.

Porque é tudo invenção
dos homens,
o tempo mesmo e o trabalho
do tempo
são o trabalho dos homens;
e tudo é frágil porque também os homens,
suas ciências,
suas verdades, suas cidades.
sobretudo suas verdades,
desde as maiores e mais inacessíveis,
até as mais tolas e inexplicáveis:
Chove hoje na cidade,
os guarda-chuvas
negros. Negros.


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