terça-feira, 9 de dezembro de 2014

BENJAMIM

Benjamim já me esqueceu, 
porque as crianças, especialmente, as pequenas
não guardam por muito tempo a memória de coisas 
desimportantes.
Já não se lembrará de como puxou minha barba branca
e inspecionou os meus olhos 
abrindo-lhes bem as pálpebras a ver que ali dentro havia sangue.
Não se lembrará, tampouco, do livro que pediu
para que eu lesse, enquanto, irrequieto
me abraçava e, com a boca, fazia barulho 
encostando na minha pele e assoprando.
A maioria dos dias é só um passar de horas, é só,
e esquecemos, 
ou nada temos para lembrar que valha isso.
Quando se despediu, 
Benjamim colou um adesivo na minha roupa
e disse que era para que eu não o esquecesse
e eu, 
que nada posso contra esse terrível vendaval
que tudo apaga, com um sorriso no rosto, 
prometi que nunca, nunca o esqueceria,
por isso este poema.



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