quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

A FIGUEIRA ESTÉRIL

De toda sorte
parece
que de nada valeu a palavra 
anteriormente pronunciada
a seca palavra
a
bruma seca 
voz do Harmattan, o ilustre.
Nada.
Porque é tudo vaidade.
Tanto os homens quanto os deuses,
tanto um deus quanto um homem
padece sob a lâmina da fome,
mas há o tempo de plantar 
e o tempo 
de arrancar a planta
e há do fruto a estação
e há o tempo
intransigente
de quando a árvore nega
mesmo a um deus que suplica
e se prostra
de joelhos
e se, porventura,
e se, por sua ira,
amaldiçoa a planta
apenas nega, movimento duplo,
que se vista o homem
já, agora, miseravelmente, nu
e envergonhado.
 
David Sandum




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