sábado, 4 de novembro de 2017

O MENINO DEUS NO TEMPLO

Não o que já foi aprendido, 
disso não mais se trata nem pode aborrecer
os doutores,
mas
o que se esqueceu e se vê
como jamais
tivesse sido visto - como
os pequenos e brancos siris que saltam 
na praia,
a lua vista da janela,
coloridas pedras caídas no chão -
peixes num riacho,
a flor no galho do arbusto,
vermelha, que pende sobre o muro
coberto pelo musgo;
saída da torre da igreja,
a andorinha azulando o céu,
a água, seu peso e movimento.

O antes do bem e do mal,
o sonho, a sílaba, o choro -
como os restos de lã caídos na estrada poeirenta,
a madeira aplainada com perícia,
o cheiro do azeite,
velhas sandálias sem seus pares,
pés descalços a pisar o pedregulho,
o vale por onde andou a minhã mãe,
a casa onde dorme, cansado, 
o meu pai.







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