sexta-feira, 8 de maio de 2015

TENHO PARA FALAR DAS COISAS AS PALAVRAS

Tenho para falar das coisas as 
palavras, 
e, por isso, estou mudo. 
Porque digo o que não vejo
e os meus olhos não dizem.

Tua cor-de-rosa.
Passas e são ligeiros
movimentos.
Tempos, ruas que se
desfazem, paisagens subtraídas, passas.
Tua cor-de-rosa.
Tenho que falar porque falo.

Boca de dizeres,
Cerejas que digo -
Tafetá - Tua cor-de-rosa.

Tua cor que não decifro.
Coral, recifes de.
E água na garganta,
sangues que me correm,
minhas umidades.

Rosa na noite da noite irmã,
tez clara como fosse.

Aurora rubra o que escondem
as tuas cores.

Tua cor-de-rosa.
Tua flor que não duvido.

Não vejo, azulejo.
(Olhos que me deram, olfatos
que tenho, paladares.)

Não duvido porque falo.
Os teus pomares.
lugares.

Tua cor-de-rosa.

Lady with Fan, Gustav Klimt, 1918

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