Miriam era um nome mágico
e o som, tantas vezes pronunciado baixinho, como em segredo, era uma
chave da minha imaginação infantil.
Nesse tempo eu era como que o
herói ladrão de alguma floresta inglesa, ou o bravo cavaleiro que
pelos campos verdes desfila sua elegância corajosa. Miriam é o nome
do que para mim foi o encontro com a misteriosa coisa a que chamamos
de amor.
O tempo costuma conduzir as
coisas para o véu indistinto do que se perdeu, para a nebulosa
região do esquecimento. O que eu fui quando criança e os tão
longínquos sentimentos que habitavam o meu coração inábil são
hoje a tentativa inútil, a frustrada tentativa de caminhar como quem
sonha.
A bicicleta, o sol, o muro
da casa, a rua. O vento, o vestido, a briga na calçada. O futebol, a
caixa de sorvetes, a escola, a chuva. Miriam tinha cabelos negros e
curtos; Miriam vivia em uma casa bem cuidada e sua mãe cozinhava
muito bem. Amei Miriam em segredo. Apenas gritava-lhe o nome junto a
um riacho, longe de ouvidos humanos, longe do que não fosse mágico,
longe da possibilidade do desencanto. Gritava-lhe o nome e observava
a resposta da água a passar sobre os cascalhos - a sua palavra
fugidia.
Miriam é para mim o nome de minha avó...referência primeira desse nome em minha vida...
ResponderExcluirMiriam é o nome do meu primeiro amor. Eu era uma criança e uma criança espanta-se com os nomes. Tudo era muito fantástico. Na mesma época ouvi o nome Marian, em Robin Hood, e então me transformei num herói inglês. Beijo.
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