terça-feira, 21 de abril de 2015

BRUMAS

São duas horas da manhã. Talvez durmas.
Neste momento eu me pertenço, 
e, assim,
realizo em mim uma fantasia, 
a saber:
a de que, neste momento, não pertenço a ti.
Houve um tempo e já não há, 
senão a bruma,
senão velhas fotografias, 
o guarda-chuva a te proteger
numa manhã fria e chuvosa.
Houve um tempo em que eu não existia,
senão teu hálito,
senão tuas mãos pequenas,
e a escadaria azulada.
São horas hoje tão vazias e eu,
uma figura de sonho,
que talvez vejas enquanto dormes, 
a segurar um guarda-chuva
para te proteger
nesta noite fria e chuvosa.

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