São
duas horas da manhã.
Talvez durmas.
Neste
momento eu me pertenço,
e,
assim,
realizo em mim uma fantasia,
a saber:
a de que, neste momento, não
pertenço a ti.
Houve um tempo e já não
há,
senão
a bruma,
senão velhas fotografias,
o guarda-chuva a te proteger
numa manhã fria e chuvosa.
Houve um tempo em que eu não
existia,
senão teu hálito,
senão tuas mãos pequenas,
e a escadaria azulada.
São horas hoje tão vazias e
eu,
uma
figura de sonho,
que talvez vejas enquanto
dormes,
a segurar um guarda-chuva
para te proteger
nesta noite fria e chuvosa.
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