para Claudia
Esperamos pelas águas sagradas e profusas; nelas o espírito de Deus
pairava e não havia dia nem noite; esperamos pelas águas,
pelo milagre do que é fluido, como fluida é a própria vida;
esperamos pelas águas ternas e límpidas,
pelo beijo da chuva, seu beijo prateado. Esperamos.
Esperamos pelas águas rasas e profundas; à beira mar, na beira rio,
sob as pontes iluminadas a vapor e medo; esperamos pelas águas,
pelo tempo do que é belo e frágil; como bela e frágil é a própria vida;
esperamos pelas águas frias e cáusticas,
pelo canto da chuva, seu canto melismático. Esperamos.
Esperamos pelas águas calmas e profícuas; no ancoradouro,
no Rio Amarelo, na aldeia, no Tigre e no Eufrates;
esperamos pelas águas, pelo quase nada da vida,
que é fluida como a própria chuva; esperamos pelas águas
eternas e verdadeiras,
seu sussurro de águas, a revelar um segredo. Esperamos.
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