sábado, 2 de junho de 2012

APOCALIPSE

Depois da porta de vidro 
depois 
do brilho  desse sol 
quase me cegando 
depois do automóvel 
depois da rua 
há um letreiro.
Difícil 
ver daqui o anúncio. 

Leve música de talheres
embala 
esse meio-dia      
claro. 
                      
O rádio 
grita  de guerras possíveis -
ogivas 
atômicas -
vocabulário  apocalíptico.

Não sei que símbolos 
se propõem agora 
a ser o momento -
uma mulher olha o relógio 
é tarde 
é tarde nos seus olhos 
é tarde 
no meio dia claro 
é tarde nos edifícios 
onde o sol se recolheu, por fim.
É tarde no cinema 
na China 
é tarde na Inglaterra,  em Antuérpia 
é tarde 
e os diamantes brilham demais. 


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