quinta-feira, 2 de novembro de 2017

A RESSURREIÇÃO DA FILHA DE JAIRO

Por que aceitar a morte e celebrá-la?
Visitar os cemitérios e ver, 
nas lápides e túmulos,
não mais do que límpidos espelhos,
neles refletido o rosto, em silêncio, 
inclinado?
Por que pagar as carpideiras e entalhar a pedra,
ornamentar a madeira, 
ungir com finos óleos a pele fria,
cobrir de flores a câmara incensada?
Por que, afinal, crer no destino?
Sucumbir, ininsurrectos, em paz?
Outros espelhos recebem a eterna face,
pois um outro rosto é quem lhes fita
e adverte:
plúrima e não única,
vária, e não ímpar, é a vida;
clara e escura, a campina e o paramo.
O desfiladeiro e o caudal, sol, salina, sereno.
Vigília e quietude, rio de sono,
pois dorme a criatura,
dorme apenas,
nos braços do tempo dorme,
sob o manto da noite dorme,
dorme até quando, docemente, ouve:
Levanta, menina, e anda.
Raising the Daughter of Jairus (web)




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