Diz o poeta que só de ouvir passar o vento valeu a pena ter vivido.
Ontem o vento soprava forte e escuro, e mudava constantemente de direção.
As folhas das árvores agitadas gritavam estranhas palavras,
e era o própio vento quem lhas soprava nos ouvidos verdes.
Em todos os tempos e em todos os lugares os homens deram nomes aos ventos,
como a tudo. Dar nome é uma maneira de adquirir algum poder sobre a coisa nomeada,
nas mais das vezes porque tudo se nos escapa, tudo é estranho e indizível,
tudo é o não sei o que.
Os ventos que sopram sobre as ruínas de antigas cidades;
os ventos que sopram sobre as lavouras, sobre os pastos;
os ventos que sopram do mar; os gélidos e duros ventos do norte;
Nós que somos apenas um sopro e o pó levantado, como diz a antiga sabedoria.
O nome do vento, para que ele nos ouça, o nome do vento para que seja nosso irmão;
o nome; com que nome me chamaria o vento? eu que não me posso mover
além dessa fragilidade; eu que fraquejo no deserto,
enquanto o vento quente e poderoso me arrasta.
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