Gostava de soltar os cabelos
gostava de contemplar seus olhos
gostava de ver seus olhos
o que os seus olhos viam.
Eu brincava de cabra-cega,
brincava com um peão;
eu brincava de amarelinha,
brincava de pega-pega;
eu brincava com figurinha,
brincava com um balão.
Eu corria tanto, tanto...
era veloz, veloz como um raio,
corria como um centauro,
a flecha de seu arco.
Os meus pés eram tão tristes,
os meus joelhos sangravam
para sempre;
sangravam como uma fonte,
como os joelhos de Cristo.
Gostava de soltar os cabelos,
gostava de contemplar seus olhos
para dentro do que são,
e conhecer o abismo, o nume,
assim como o navegante conhece
o horizonte para além do horizonte.
E na noite imensa ver
o horizonte indistinto,
e nem ver a noite na noite do que sinto.
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