Benjamim já me esqueceu,
porque as crianças, especialmente, as pequenas
não guardam por muito tempo a memória de coisas
desimportantes.
Já não se lembrará de como puxou minha barba branca
e inspecionou os meus olhos
abrindo-lhes bem as pálpebras a ver que ali dentro havia sangue.
Não se lembrará, tampouco, do livro que pediu
para que eu lesse, enquanto, irrequieto
me abraçava e, com a boca, fazia barulho
encostando na minha pele e assoprando.
A maioria dos dias é só um passar de horas, é só,
e esquecemos,
ou nada temos para lembrar que valha isso.
Quando se despediu,
Benjamim colou um adesivo na minha roupa
e disse que era para que eu não o esquecesse
e eu,
que nada posso contra esse terrível vendaval
que tudo apaga, com um sorriso no rosto,
prometi que nunca, nunca o esqueceria,
por isso este poema.
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