enquanto os corvos sobrevoam a colina,
não crer na morte não é, em absoluto,
crer na vida,
aqui é preciso olhar com cuidado
e ouvir atentamente,
pois não se reparte o pão
numa ultima ceia,
senão
que o próprio corpo é dividido,
não se serve o vinho
senão
que o próprio sangue é servido
(tomai e bebei).
As aves, os vermes, os cães, as hienas.
Tomemos em nossos braços
o corpo sem vida
e o guardemos numa gruta.
Que se peça ao rei
o que sempre foi negado
o pão, o vinho, a água, os frutos.
Longe, com os trapos que ainda lhe cobrem,
se deve depositar o corpo sempre vivo
e ouvir a voz da noite de chumbo
e cantar o hino do dia seguinte,
guardar a palavra do tempo,
o que nasce e morre e renasce
e torna
ao pó,
como o peixe, o feixe de trigo.
O sepultamento de Cristo - Ticiano |
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