o látego, a maça, a pedra,
o espinho,
mesmo a flor fere fundo,
o amor dos homens,
veneno, vela, vida.
Eis o céu sem fim,
a distante estrela inalcançável,
perdida no tempo.
Parte da parte da parte,
eis os pés dilacerados
partidos os braços
o fígado a alimentar as aves
carniceiras.
Eis o meu amor inútil,
as horas crestadas de morte
o vinagre
o peixe apodrecido.
Córregos a desaguar
em lagos secos
água fria na pele sedenta
da terra.
Eis os vales inférteis,
as mansões despedaçadas,
as estradas interrompidas.
Eis o suor, as glândulas
sudoríferas,
os pruridos, a febre,
a bacia de cobre,
o perfume.
Lavemos as nossas mãos.
Quentin Massijs - Ecce Homo |