e que me negas em nome de um deus pastoril?
Ou será esta terra úmida e quente, essa fruta rubra,
essa flor inquieta?
Nada sei senão do amor que queima,
de uma febre sempre renovada,
senão de um pedido, um simples pedido.
A casa fria, o mármore frio, a noite fria e eterna.
Será, ainda, que eu passe intacta, que eu permaneça
setenta vezes sete, setecentas e tantas
e tantas noites e outros tantos cálidos dias secos,
a cultivar o desejo numa câmara mortuária?
Não, José, José, amado. Tu vieste
da casa suarenta de teu pai;
do deserto na noite estrelada.
Eu sou como aquele poço, José.
Bebe da minha água clara.
Eu sou o ventre do Egito que espera a semente,
antítese da morte,
a saciedade,
o contrário da falta.
Jean Baptiste Nattier - Joseph and Potifar's wife |