quarta-feira, 19 de maio de 2021

UXOR

Toma a minha mão

   ainda agora trêmula.

Já não me aquece o sangue 

      o vinho que da garrafa

se desprendeu

   e dela

     não se derramava 

qualquer líquido perdão.

      Procuro a tua face, o teu rosto, 

           para sempre

                    santificado.

Eu ergui altares e incensei 

       a câmara iluminada

e fiz preces

     e recolhi, aflito, 

as pétalas das horas.

 Hoje, sou o corpo 

    alijado das coisas do mundo,

    e há pedras acesas

               com o fogo frio da ausência.

A leitora - Jean-Honoré Fragonard
Jean-Honoré Fragornard - A leitora

 

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