Apotropaicos,
eles obstruem
as janelas e portas, os vãos,
as calhas, dutos elétricos
e de água,
a impedir que aqui me venham visitar
os incontáveis espíritos
que habitam os sonhos noturnos
e os espíritos que habitam,
incontáveis,
as visões da vigília.
São velas, são incensos, mandalas,
amuletos,
patuás,
são filtros de lã e pena,
aros,
são caixas
cores
perfumes
altares
catedrais erguidas nos montes,
(na aurora, a luz rubra do ruivo sol)
Nínive, Roma, Jerusalém
as palafitas e favelas
os elíseos e as câmaras do inferno,
os sacrifícios,
a carnificina santificada,
os olhos,
as patas
arrancadas dos animais.
Resta o veneno da gramática,
o não poder dizer e,
por isso,
erigir o falso,
o apelo da solidão,
o medo do frio,
as assombrosas bruxas imorredouras
e o veneno que vazou
do cálice sagrado.
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