Foi o que me disse um homem adulto, parente,
um, hoje, velho tio,
sobre uma menina, tão bonita,
que eu olhava,
mantendo uma distância infinita,
por medo, mas também com piedade,
e auto piedade, anche,
de sobre a laje, sob um sol que, adesso,
queima minha pele;
nem, sequer, havia asfalto naquela rua,
a desolação -
quando a enxurrada levava abaixo,
não só os detritos humanos,
mas.
Nem mesmo sabia o que era o sexo,
e a rua serpenteava,
muitas voltas até desembocar
num largo, de onde se avistava um bosque de pinheiros,
a estação de trem, e o mesmo sol
que coloria tão delicado vestido,
tão delicada. Não.
Angelita Cardoso - Mulher e Pássaro - Aquarela - 2010 |