Saíamos às ruas, quase desertas ruas e quietas,
a desejar aos senhores e senhoras um bom princípio,
em troca receber algum trocado;
(mas como é que uma mulher engravida?
um beijo, talvez?)
Como se fazem os homens, afinal?
de que matéria estranha e invisível?
Esses homens para sempre enclausurados
em uma cidade ardente e intocável,
e que recebem a notícia sempre a mesma?
São novos e novos anos sempre velhos e velhos,
num rosário de nascimentos e mortes,
do que não começa nem termina,
mas percorre os becos, avenidas e córregos,
de Sertãozinho a Santo André.
Às vezes se apanha uma traíra à boca de lobo,
que desceu da colina desfeita, e um susto,
com o cheiro dos pinheiros entranhando-nos a alma.
Nenhuma música, nem vento que cante qualquer cantiga,
apenas o visível balançar da folhagem
e o estalar das mandíbulas do peixe.
German Expressionist painting by Hubert Roestenburg |
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