Esta vida há de me matar,
impiedosamente;
o sol e seus bilhões
de nêutrons.
Haverá de dar cabo de mim
e de todos nós,
sem nenhum espetáculo
sem nenhum alarde;
esta vida
estas ruas fedorentas
esta gente faminta -
há -
os parques apinhados
a gritaria
as cotas diárias de desespero.
as xícaras
cheias do vexame alegre
e dessa confiança
que não é senão a inútil
agitação,
inútil e moribunda.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
NOVELOS
Sobre a tua mão pousaria,
levemente pousaria a minha mão
quando a noite caísse,
quando a noite
como luvas negras, sobre a minha,
sobre a tua mão caísse.
Sobre os teus lábios pousaria os meus,
suaves lábios pousaria
quando a noite caísse, quando
a noite, como um vinho grosso,
sobre os meus,
sobre os teus lábios, caísse.
Quando caísse a noite
revelaria a ti a noite
que cai
Quando a noite caísse
eu a ti cantaria a noite
que cai.
Sobre a tua mão pousaria a minha mão
levemente pousaria a minha mão
quando a noite caísse.
E recolheria tantas estrelas
e tantos desvelos
novelos de lã da noite
de quando a noite caísse.
levemente pousaria a minha mão
quando a noite caísse,
quando a noite
como luvas negras, sobre a minha,
sobre a tua mão caísse.
Sobre os teus lábios pousaria os meus,
suaves lábios pousaria
quando a noite caísse, quando
a noite, como um vinho grosso,
sobre os meus,
sobre os teus lábios, caísse.
Quando caísse a noite
revelaria a ti a noite
que cai
Quando a noite caísse
eu a ti cantaria a noite
que cai.
Sobre a tua mão pousaria a minha mão
levemente pousaria a minha mão
quando a noite caísse.
E recolheria tantas estrelas
e tantos desvelos
novelos de lã da noite
de quando a noite caísse.
sábado, 3 de janeiro de 2015
POR NÃO SABIDO ARTERIAL MISTÉRIO
Faleceu, por não sabido arterial
mistério,
o homem comum.
Da vala comum soprou uma brisa mortal
de ausência.
Entretanto somos iguais, entre tantos,
na noite pelo caminho, sob a luz.
Mundo de minério,
ciência.
Nenhuma porta de vidro pode nos guardar,
e canção nenhuma conter o que há de ânsia,
nem se pode relatar com absoluta franqueza
o que aqui se pretendeu.
mistério,
o homem comum.
Da vala comum soprou uma brisa mortal
de ausência.
Entretanto somos iguais, entre tantos,
na noite pelo caminho, sob a luz.
Mundo de minério,
ciência.
Nenhuma porta de vidro pode nos guardar,
e canção nenhuma conter o que há de ânsia,
nem se pode relatar com absoluta franqueza
o que aqui se pretendeu.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2015
APESAR DA TARDE AZULADA
(para Dilsa)
Há um tempo que nos espreita
à sombra deste abacateiro;
Um tempo e só.
Um temor de que tudo se dissipe
como a névoa que pela manhã cobre a mata
de um branco molhado.
No meio das copas verdes,
o ipê como um sol de ontem,
amarelo ainda mais.
Toda a tarde,
e apesar da tarde azulada,
toda a tarde,
e apesar dos abraços e beijos,
eu pensei em você
desesperadamente,
o sofrimento da sua
ausência,
muito embora você estivesse ali comigo,
tão junto,
como eu estaria quando caía a primeira chuva
que fertilizou esses vales.
Há um tempo que nos espreita
à sombra deste abacateiro;
Um tempo e só.
Um temor de que tudo se dissipe
como a névoa que pela manhã cobre a mata
de um branco molhado.
No meio das copas verdes,
o ipê como um sol de ontem,
amarelo ainda mais.
Toda a tarde,
e apesar da tarde azulada,
toda a tarde,
e apesar dos abraços e beijos,
eu pensei em você
desesperadamente,
o sofrimento da sua
ausência,
muito embora você estivesse ali comigo,
tão junto,
como eu estaria quando caía a primeira chuva
que fertilizou esses vales.
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